O ano de 2017 não foi um dos melhores para os advogados. Na verdade isso é um reflexo de como todo o país está se comportando diante da crise política atual. A boa notícia é que há sinais de recuperação em todo o mercado, movimento que vem acontecendo desde o segundo semestre do ano que passou, com novos investimentos. Isso promete dar sequência com mais força já no início deste ano, com novas contratações e reforço nas equipes jurídicas.
Devido a reforma trabalhista, muitas empresas estão procurando por especialistas para explicar e sanar dúvidas de seus colaboradores. Confira algumas das oportunidades que estarão em alta neste ano, segundo levantamento feito pela Revista Exame, em parceria as consultorias de recrutamento Salomon, Azzi e Michael Page.
Sócio/gerente de contencioso cível
O que faz: Atua diretamente com processos jurídicos, resolvendo questões legais já em esfera judicial ou arbitral.
Perfil: É preciso ter capacidade de coordenar equipes, demonstrar autonomia para conduzir casos estratégicos e saber lidar com grande volume de processos.
Motivo para alta em 2018: De acordo com a Michael Page, a razão para a valorização desse profissional é conjuntural. “Com a retração da economia, pode-se notar o aumento de conflitos e de cobranças, o que resulta no maior número de processos judiciais na esfera cível”, diz a consultoria.
Advogado eleitoral
O que faz: Prepara e acompanha candidatos durante a campanha para garantir que todos os seus atos estejam em conformidade com a lei. Seu trabalho continua após a disputa nas urnas, quando permanecem as defesas em processos eleitorais e também em eventuais pedidos de cassação após a posse.
Perfil: Graduação em Direito e pós graduação em Direito público e Direito eleitoral.
Por que está em alta em 2018: Os últimos acontecimentos no cenário político fizeram com que o Direito eleitoral se tornasse uma prática com demanda recorrente e não somente procurada em época de eleições. Recentes condenações e novas leis, como a Ficha Limpa, fazem com que partidos e candidatos busquem assessoria jurídica especializada antes das eleições para resolver pendências e se preparar para a disputa eleitoral. “Em 2018 teremos como cenário uma disputa acirrada, principalmente em razão de todo cenário político e econômico de 2016 e 2017, com uma pluralidade de partidos e candidatos maior do que nos últimos anos”, diz Camila Dable, sócia da consultoria Salomon, Azzi. “Os advogados terão um papel tão importante nas campanhas quanto os marqueteiros, e serão disputados entre os partidos”.
Advogado de relações institucionais
O que faz: Acompanha o dia a dia do Congresso Nacional e as principais proposições legislativas, que têm impacto relevante sobre a economia e as empresas. Também está sempre a par das principais políticas públicas do governo federal.
Perfil: Graduação em Direito e pós graduação em Direito público e Direito eleitoral.
Por que está em alta em 2018: Questões regulatórias, legislativas e políticas sempre têm extrema importância para a agenda das empresas. Com tantas mudanças previstas para 2018, esse advogado será demandado como porta-voz dos interesses da empresa perante o setor público. Ele será fundamental para manter um canal permanente de interlocução com a esfera governamental e exercer influência de forma legítima na elaboração de políticas públicas, diz Dable, da Salomon, Azzi.
Advogado consultivo trabalhista (escritório de advocacia)
O que faz: Faz consultas de rotina sobre questões trabalhistas, com foco em assuntos que trarão impactos para a operação da empresa.
Perfil: Graduação em Direito, com pós graduação ou mestrado na área. Inglês fluente costuma ser exigido.
Por que está em alta em 2018: “Com a recente alteração da legislação trabalhista, as empresas tenderão a aumentar o volume de consultas”, diz Renato Sapiro, consultor da Salomon, Azzi.
Sócio tributário (escritório de advocacia)
O que faz: É responsável por toda demanda tributária, seja ela contenciosa ou consultiva. Porém, como sócio, também trabalha na gestão da equipe, bem como na prospecção de novos clientes.
Perfil: Graduação em Direito, combinada com especialização ou mestrado na área. Formação em administração, economia ou ciências contábeis complementa o perfil.
Por que está em alta em 2018: Os motivos da valorização são a soma do crescimento do investimento no país com a alta burocracia tributária. Segundo Shapiro, da Salomon, Azzi, o advogado tributarista, especialmente com viés consultivo, passa a ser mais demandado nesse contexto. “Se a área tributária da empresa não for bem atendida, todo investimento pode virar prejuízo”, explica o consultor.
Advogado de arbitragem
O que faz? Representa os clientes na Câmara Arbitral e ajuda a definir estratégias para condução do litígio.
Perfil: Graduação em Direito com especialização ou mestrado em contencioso cível, LLM em Direito empresarial e inglês fluente.
Por que está em alta em 2018? “Atualmente os processos de arbitragem vêm crescendo, batendo recordes no Brasil, porque representam uma forma alternativa, rápida e confiável de resolução de conflitos extrajudiciais, com menos burocracias”, diz Marcela Libanori, consultora da Salomon, Azzi. A solução também costuma ser preferida pelas empresas por ser mais precisa e consistente, já que os árbitros são escolhidos pelos próprios litigantes. Esse é o contexto por trás da valorização do advogado de arbitragem, especialmente daquele com larga experiência em contencioso cível estratégico e direito empresarial.
Diretor de compliance
O que faz: Trabalha para que a empresa aja de acordo com a lei e regulamentos internos e externos. Está sempre sempre atento aos riscos operacionais e mostra ao mercado que a empresa adota boas práticas.
Perfil: Formação em direito, economia ou administração, com pós-graduação na área de compliance.
Por que está em alta em 2018: Segundo a consultora Camila Badaró, da Salomon, Azzi, as inúmeras operações deflagradas no Brasil impulsionaram como nunca a área de compliance no país. As empresas se viram obrigadas a adotar melhores práticas na condução de seus negócios a fim de evitar futuras sanções e punições, o que explica a valorização do gestor da área.
Gerente jurídico generalista
O que faz: É responsável pela gestão do departamento jurídico das empresas. Responde pelo atendimento das áreas internas e pelas demandas estratégicas.
Perfil: Graduação em Direito, com pós-graduação em Direito empresarial ou contencioso cível, trabalhista e tributário. Inglês fluente é fundamental.
Por que está em alta em 2018: Com a retomada do mercado, as posições de gerência, com viés mais estratégico, voltam a ser demandadas. Como o jurídico das empresas está sendo visto com um parceiro do negócio, diz Badaró, um profissional que traz mais eficiência à gestão corporativa e evita prejuízos desnecessários é naturalmente valorizado.
FONTE: Revista Exame